O que faz a crise....
Suiça. Para muitos emigrantes, Portugal é este ano uma miragem
Apandemia e os eventuais riscos no regresso à Suiça está a preocupar muitos emigrantes portugueses que vivem e trabalham no país alpino. Muitos preferem não ir de férias este ano a Portugal.
“Os portugueses têm medo de perder os seus trabalhos, no caso de ficarem bloqueados em Portugal. E a maioria não quer correr esse risco”, explica Nuno dos Santos, Presidente da Associação de Apoio à Comunidade Portuguesa na Suíça (AACP).
Se por um lado a grande maioria dos portugueses residentes na Suíça se mostra preocupada com os riscos e evolução da pandemia, por outro há quem não abdique dos velhos costumes de passar férias em Portugal, movidos pela saudade da família e de quem lá os espera: “Temos voo marcado para meados de Julho, compramos os bilhetes após o confinamento, quando tudo parecia estar estável. Temos muitas saudades da família, das idas ao teatro, ao cinema, tudo o que aqui na Suíça nunca fazemos”, afirma Mariana Mendes, natural de Lisboa, residente na cidade de Nyon, na Suíça francófona.
A emigrante Lisboeta, mãe de dois filhos, confessou à agência Lusa que, este ano, a família vai para Portugal para ficar durante um mês: “O meu marido está desde Março em teletrabalho, temos cumprido à risca as medidas de prevenção e passado o tempo todo em casa. Estamos todos a precisar de espairecer e ir para junto da nossa família, obviamente que continuando a cumprir com as medidas necessárias ao combate do coronavírus”, concluiu.
Segundo o presidente da AACP, o motivo de apreensão dos portugueses estará ligado ao receio de um possível fecho das fronteiras ou a uma imposição de quarentena que os obrigaria a ficar em território português, caso o vírus prolifere de forma repentina em Portugal.
Além das preocupações com a proliferação do vírus em Portugal, o dirigente acrescenta ainda que os portugueses se têm queixado da “falta de comunicação e informação” relativamente às medidas adoptadas em Portugal, assim como as recomendações que devem ser tidas em conta pelos emigrantes que pretendem viajar: “Oiço regularmente pessoas a queixarem-se da falta de empatia por parte do governo português”, afirma o dirigente. Nuno dos Santos salienta que “a única preocupação que existe por parte dos nossos deputados em Portugal é a diminuição das remessas dos emigrantes e das consequências que essas trarão para o turismo em Portugal”.
“Preocupem-se com os emigrantes e não com o dinheiro deles”, implora o dirigente associativo, deixando transparecer a sua indignação face à posição dos deputados portugueses no que toca à diáspora portuguesa.
Manuel Marques, presidente da Associação dos Portugueses de Nyon, concorda com Nuno dos Santos: “Apesar da saudade, as pessoas não querem ir a Portugal para não porem em risco as suas famílias, principalmente os mais vulneráreis [os mais velhos]. Até porque na Suíça o porte de máscara não é obrigatório. Nunca se sabe o que levamos daqui”.
As consequências da pandemia têm-se feito sentir em todo o mundo e a Suíça não é exceção. Face aos danos provocados pelo coronavírus, a maioria das empresas fazem os possíveis para recuperar dos prejuízos financeiros deixados pela pandemia: “Este ano, só tenho duas semanas de férias, quando sempre tive três semanas no Verão. A minha empresa está a aumentar o volume de trabalho para compensar todo o tempo em que estivemos parados. Este ano, não vou a Portugal”, afirma Manuel Marques, que para além de presidente da Associação dos Portugueses de Nyon, é operário numa empresa de construção na Suíça francófona.
Com 32 mil infectados e dois mil mortos, a Suíça tem mais vítimas mortais que Portugal (1.654) mas menos casos (46.221). No país vivem perto de 300 mil portugueses.
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